- 1
- Problemas emocionais
- 5. Sentimento de culpa
- II Co 7.5-10
- 1. Você já se sentiu culpado alguma vez? (Não precisa dizer porque.).
- 2. Presentemente, você tem algum sentimento de culpa?
- Introdução.
- A Confissão de Fé de Westminster (1645), que resume as doutrinas Reformada e Calvinista, diz o
- seguinte sobre pecado e culpa: “Todo pecado, tanto o original como o atual, sendo transgressão da
- justa lei de Deus e a ela contrário, torna, pela sua própria natureza, culpado o transgressor e, por
- essa culpa está ele sujeito à ira de Deus e à maldição da lei e, portanto, exposto à morte, com todas
- as misérias espirituais, temporais e eternas.”
- Alguns princípios estão assinalados nessa declaração:
- (a) Não há culpa sem que haja pecado. O inocente não tem culpa;
- (b) Não há nenhum pecado que não provoque a ira de Deus (ira no sentido de reprovação,
- indignação);
- (c) A violação da vontade de Deus se dá, tanto pela natureza caída que o homem herdou de
- Adão (que o inclina a rebelar-se contra Deus), quanto pela própria ratificação dessa natureza,
- cometendo cada homem sua violação pessoal da lei de Deus.
- Partindo dessas observações, podemos definir melhor o sentimento de culpa: O sentimento de
- culpa é caracterizado pelo estado mental, emocional e espiritual de abatimento, quando o
- homem é confrontado, julgado e condenado pela consciência, por haver transgredido
- qualquer lei conhecida.
- O sentimento de culpa é exclusivamente humano. É inexistente nos animais irracionais. A selvageria
- destes lhes é absolutamente natural. Mas Deus concedeu ao ser humano uma consciência, que o
- faz sentir culpa quando quebra uma lei. E essa é uma das funções da consciência: acusar ou
- defender o homem (Rm 2.15).
- O propósito desta mensagem é identificar os perigos e possibilidades que um sentimento de culpa
- pode trazer ao crente. Vamos mencionar o processo de quebra de uma lei, a manifestação do
- sentimento de culpa e como lidar positivamente com tal sentimento.
- Quebra da Lei: o berço da culpa..
- 1) Onde nasce a culpa? Será uma questão cultural? Pode o mesmo fato despertar culpa numa
- cultura não noutra? Quem determina a culpa: o homem ou a lei?
- 2) A culpa é inerente à quebra de uma lei, quer seja ela conhecida ou ignorada. Há diversos
- códigos de leis. Quando os quebramos, tornamo-nos culpados:
- a) Leis civis que regem a vida na sociedade: Constituição, Código Penal, Código do
- Consumidor, Código de Leis do Trânsito; (b) Há uma legislação federal, estadual e
- 2
- municipal de impostos e tributos, etc. Qualquer cidadão regido por um desses códigos,
- que venha a violar algum de seus artigos, torna-se culpado perante a lei. Em alguns
- casos, a ignorância do transgressor é irrelevante perante a lei.
- b) Há leis que não são formalmente escritas, mas todos esperam que sejam
- respeitadas. Exemplo: não assar correndo com o o carro, num dia de chuva, e molhar
- as pessoas que estão num ponto de ônibus; limpar a sugeira do cachorro na calçada...
- Quem quebra essas leis “informais” também é culpado.
- c) Há leis que estabelecemos para nós mesmos. Exemplo: manter a casa em ordem,
- conservar arrumada a mesa de trabalho, lavar sempre a louça depois do almoço,
- gastar pelo menos um dia por semana com o cônjuge e os filhos... Quando essas
- regras são quebradas, geralmente sentimos culpa...
- d) Acima de tudo, há a lei de Deus. Essa lei está escrita em nossos corações, ou seja,
- na consciência, e também na Palavra de Deus. A chamada lei do Senhor é perfeita e é
- universal. A inobservância dessa lei é pecado e torna-nos ainda mais culpados.
- Conclui-se, pois que a violação de uma lei, seja ela humana ou divina, justa ou injusta, revelada ou
- ignorada, torna o transgressor culpado. Não há culpa sem que haja transgressão e não há
- transgressão sem que haja lei.
- Sentimento de culpa: o papel da consciência.
- 1) Será que a culpa e o sentimento de andam juntos?
- Não necessariamente. A culpa é inerente à quebra da lei, mas não o remorso e nem a tristeza
- pela transgressão. Alguém pode ignorar que pecou, mas nem por isso deixa de ser culpado.
- Quando a culpa é reconhecida, pode haver ou não o sentimento de culpa. Portanto, se a culpa é
- determinada pela quebra da lei, o sentimento e a tristeza por essa violação é determinada pela
- consciência.
- 2) A grande questão que se levanta aqui é a seguinte: Que tipo de consciência gera no homem o
- sentimento de culpa? Ou melhor, nos termos do apóstolo Paulo, de onde vem a tristeza que gera
- no homem a responsabilidade perante a lei quebrada? A resposta está no texto básico da lição,
- indicado no começo. Quais são os dois tipos de tristeza mencionados no texto? II Co 7.10.
- A tristeza segundo Deus e a tristeza do mundo.
- 3) De acordo com a mesma passagem, o que a tristeza do mundo produz?
- Morte. Vamos entender. A tristeza do mundo gera a morte porque é meramente condenatória, e é
- condenatória justamente porque vem da parte daquele é acusador por natureza: o diabo. O diabo
- começa seduzindo o homem para que peque; depois o acusa porque pecou.
- Judas é um exemplo. O evangelho diz que Satanás entrou em Judas (Lc 22.3; Jo 13/27). Ele traiu
- a Jesus; depois, o remorso foi tal que ele enforcou-se (Mt 27.5). A tristeza do mundo nem sempre
- leva ao suicídio, mas é sempre muito destrutiva. Mata devagar.
- 4) De acordo com a mesma passagem, o que a tristeza segundo Deus produz?
- Arrependimento para a salvação que a ninguém traz pesar. Que diferença! A tristeza segundo
- Deus vem acompanhada da semente da esperança e é por isso que ela produz arrependimento.
- 3
- Que motivação tem um condenado à morte para arrepender-se dos seus crimes, quando ele sabe
- que nada vai mudar a sua execução?
- Mas a tristeza segundo Deus não é um simples remorso; ela produz a esperança de que o
- arrepen-dimento trará o perdão, mudanças e vida. Foi esse o caso de Nínive. Jonas foi enviado
- para pregar ao povo daquela cidade. Com sua pregação, toda a cidade (25.000 pessoas) ficou
- com sentimento de culpa, arrependeu-se e se converteu. O que os levou a isto? Veja Jonas 3.9.
- A esperança de que Deus os perdoasse, “mudasse de idéia” e os deixasse viver!
- 5) O rei Davi adulterou com Bate-Seba e planejou a morte de Urias, o marido dela. A consciência
- pesou... Ele teve um forte sentimento de culpa... Veja no Sl 32. 3-6 o que ele escreveu a respeito:
- Enquanto não confessei o meu pecado, eu me cansava, chorando o dia inteiro. De dia e de noite,
- tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram... Então eu te confessei o meu pecado
- e não escondi a minha maldade. Resolvi confessar tudo a ti, e tu perdoaste todos os meus
- pecados. Por isso, nos momentos de angústia, todos os que são fiéis a ti devem orar. Assim,
- quando as grandes ondas de sofrimento vierem, não chegarão até eles.
- A tristeza de Deus em Davi foi a sua cura. Se Deus não tivesse pesado a mão sobre o rei, ele
- jamais se arrependeria e não mais experimentaria a alegria da salvação (Ver Sl 51.8).
- A tristeza vinda de Deus tem o propósito de fazer o pecador arrepender-se para que seja
- perdoado e salvo – e ninguém fica triste quando é perdoado e salvo.
- Consciência limpa: o benefício da culpa.
- Vamos ver o benefício do sentimento de culpa, quando provocado por Deus.
- 1) O sentimento de culpa pode se tornar desproporcional à culpa em si mesma: maior ou menor do
- que a violação da lei em si e dos prejuízos causados. A tristeza excessiva, somente como autopunição,
- para nada serve senão para consumir e destruir a pessoa culpada.
- a) Tristeza demais. Nos dias do apóstolo Paulo, na igreja de Corinto, houve alguém que, por
- causa de um certo pecado grave, teve de ser disciplinado pela igreja, privado de alguns
- privilégios na comunhão da igreja. Posteriormente, Paulo, preocupado com aquele indivíduo e
- cheio de cuidados pastorais, escreveu à igreja recomendando que o perdoassem e o
- confortassem, para que o mesmo não fosse consumido por excessiva tristeza. Veja II Co 2.5-7.
- b) Tristeza de menos. Por outro lado, a insensibilidade para com a violação da lei pouco ajuda na
- conversão do transgressor. Há pessoas que admitem estar erradas e até arrependidas, mas
- como não há uma tristeza profunda, não se corrigem.
- 2) O sentimento de culpa nos beneficiará grandemente quando...
- a) Submetemo-nos ao julgamento de Deus e de Cristo. Podemos fazer isso avaliando
- honestamente, à luz da Palavra de Deus e com oração, o nosso comportamento. Pode
- ser que Deus use alguém para nos alertar, nos repreender, como fez com Davi,
- mandando-lhe o profeta Natã (II Sm 12.1-7). Aliás, os irmãos têm este dever uns para
- com os outros. Veja Gl 6.1.
- 4
- b) Apropriarmo-nos pela fé, dos benefícios do sacrifício expiatório de Cristo e da
- promessa de Deus de nos perdoar os pecados e nos purificar. Veja I Jo 1.7 (parte final)
- e v. 9.
- c) Somos agradecidos a Deus e a Cristo por seu perdão. Essa gratidão, somada ao
- desejo de agradar a Deus e a Cristo, será uma tremenda motivação tanto para a
- obediência às leis de Deus como para o serviço a Cristo. João Batista dizia às
- multidões: “Produzi frutos dignos de arrependimento...” (Lc 3.8).
- Conclusão.
- Conta-se que certa vez alguém perguntou a uma menina: “- Menina, já lhe ensinaram que Deus sabe
- todas as coisas?” Ao que ela respondeu: “- Já! Mas eu aprendi que há pelo menos uma coisa que
- Deus não sabe!” “- Que é isso menina, que falta de reverência!” A menina calmamente explicou: “-
- Não lhe ensinaram que Deus não sabe um jeito de lembrar dos pecados que ele já perdoou?”
- Nossa tarefa é identificar de onde vem a tristeza do nosso coração: se vier do mundo, será tristeza
- sem fim, choro sem consolo, angústia sem esperança. Mas se vier de Deus, será uma bênção,
- porque ela o fará objeto da graça, do amor e da misericórdia de Deus.
- Aplicação:
- a) Sua vida tem sido marcada pela culpa?
- b) O peso da culpa em sua vida tem levado você ao desânimo espiritual?
- c) Sabia que a tristeza que vem de Deus existe porque você é o objeto da graça, do amor e da
- misericórdia de Deus?
- d) Fale com Deus sobre todas as suas culpas, arrependa-se e desfrute do perdão de Jesus!
- (Éber César. Resumo e adaptação livre da lição “O Sentimento de Culpa”, da revista DESAFIOS DA VIDA CRISTÃ,
- Editora Cultura Cristã, da Igreja Presbiteriana do Brasil, Rio de Janeiro, 06/2002).
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário