domingo, 21 de fevereiro de 2010



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  • Problemas emocionais
  • 5. Sentimento de culpa
  • II Co 7.5-10
  • 1. Você já se sentiu culpado alguma vez? (Não precisa dizer porque.).
  • 2. Presentemente, você tem algum sentimento de culpa?
  • Introdução.
  • A Confissão de Fé de Westminster (1645), que resume as doutrinas Reformada e Calvinista, diz o
  • seguinte sobre pecado e culpa: “Todo pecado, tanto o original como o atual, sendo transgressão da
  • justa lei de Deus e a ela contrário, torna, pela sua própria natureza, culpado o transgressor e, por
  • essa culpa está ele sujeito à ira de Deus e à maldição da lei e, portanto, exposto à morte, com todas
  • as misérias espirituais, temporais e eternas.”
  • Alguns princípios estão assinalados nessa declaração:
  • (a) Não há culpa sem que haja pecado. O inocente não tem culpa;
  • (b) Não há nenhum pecado que não provoque a ira de Deus (ira no sentido de reprovação,
  • indignação);
  • (c) A violação da vontade de Deus se dá, tanto pela natureza caída que o homem herdou de
  • Adão (que o inclina a rebelar-se contra Deus), quanto pela própria ratificação dessa natureza,
  • cometendo cada homem sua violação pessoal da lei de Deus.
  • Partindo dessas observações, podemos definir melhor o sentimento de culpa: O sentimento de
  • culpa é caracterizado pelo estado mental, emocional e espiritual de abatimento, quando o
  • homem é confrontado, julgado e condenado pela consciência, por haver transgredido
  • qualquer lei conhecida.
  • O sentimento de culpa é exclusivamente humano. É inexistente nos animais irracionais. A selvageria
  • destes lhes é absolutamente natural. Mas Deus concedeu ao ser humano uma consciência, que o
  • faz sentir culpa quando quebra uma lei. E essa é uma das funções da consciência: acusar ou
  • defender o homem (Rm 2.15).
  • O propósito desta mensagem é identificar os perigos e possibilidades que um sentimento de culpa
  • pode trazer ao crente. Vamos mencionar o processo de quebra de uma lei, a manifestação do
  • sentimento de culpa e como lidar positivamente com tal sentimento.
  • Quebra da Lei: o berço da culpa..
  • 1) Onde nasce a culpa? Será uma questão cultural? Pode o mesmo fato despertar culpa numa
  • cultura não noutra? Quem determina a culpa: o homem ou a lei?
  • 2) A culpa é inerente à quebra de uma lei, quer seja ela conhecida ou ignorada. Há diversos
  • códigos de leis. Quando os quebramos, tornamo-nos culpados:
  • a) Leis civis que regem a vida na sociedade: Constituição, Código Penal, Código do
  • Consumidor, Código de Leis do Trânsito; (b) Há uma legislação federal, estadual e
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  • municipal de impostos e tributos, etc. Qualquer cidadão regido por um desses códigos,
  • que venha a violar algum de seus artigos, torna-se culpado perante a lei. Em alguns
  • casos, a ignorância do transgressor é irrelevante perante a lei.
  • b) Há leis que não são formalmente escritas, mas todos esperam que sejam
  • respeitadas. Exemplo: não assar correndo com o o carro, num dia de chuva, e molhar
  • as pessoas que estão num ponto de ônibus; limpar a sugeira do cachorro na calçada...
  • Quem quebra essas leis “informais” também é culpado.
  • c) Há leis que estabelecemos para nós mesmos. Exemplo: manter a casa em ordem,
  • conservar arrumada a mesa de trabalho, lavar sempre a louça depois do almoço,
  • gastar pelo menos um dia por semana com o cônjuge e os filhos... Quando essas
  • regras são quebradas, geralmente sentimos culpa...
  • d) Acima de tudo, há a lei de Deus. Essa lei está escrita em nossos corações, ou seja,
  • na consciência, e também na Palavra de Deus. A chamada lei do Senhor é perfeita e é
  • universal. A inobservância dessa lei é pecado e torna-nos ainda mais culpados.
  • Conclui-se, pois que a violação de uma lei, seja ela humana ou divina, justa ou injusta, revelada ou
  • ignorada, torna o transgressor culpado. Não há culpa sem que haja transgressão e não há
  • transgressão sem que haja lei.
  • Sentimento de culpa: o papel da consciência.
  • 1) Será que a culpa e o sentimento de andam juntos?
  • Não necessariamente. A culpa é inerente à quebra da lei, mas não o remorso e nem a tristeza
  • pela transgressão. Alguém pode ignorar que pecou, mas nem por isso deixa de ser culpado.
  • Quando a culpa é reconhecida, pode haver ou não o sentimento de culpa. Portanto, se a culpa é
  • determinada pela quebra da lei, o sentimento e a tristeza por essa violação é determinada pela
  • consciência.
  • 2) A grande questão que se levanta aqui é a seguinte: Que tipo de consciência gera no homem o
  • sentimento de culpa? Ou melhor, nos termos do apóstolo Paulo, de onde vem a tristeza que gera
  • no homem a responsabilidade perante a lei quebrada? A resposta está no texto básico da lição,
  • indicado no começo. Quais são os dois tipos de tristeza mencionados no texto? II Co 7.10.
  • A tristeza segundo Deus e a tristeza do mundo.
  • 3) De acordo com a mesma passagem, o que a tristeza do mundo produz?
  • Morte. Vamos entender. A tristeza do mundo gera a morte porque é meramente condenatória, e é
  • condenatória justamente porque vem da parte daquele é acusador por natureza: o diabo. O diabo
  • começa seduzindo o homem para que peque; depois o acusa porque pecou.
  • Judas é um exemplo. O evangelho diz que Satanás entrou em Judas (Lc 22.3; Jo 13/27). Ele traiu
  • a Jesus; depois, o remorso foi tal que ele enforcou-se (Mt 27.5). A tristeza do mundo nem sempre
  • leva ao suicídio, mas é sempre muito destrutiva. Mata devagar.
  • 4) De acordo com a mesma passagem, o que a tristeza segundo Deus produz?
  • Arrependimento para a salvação que a ninguém traz pesar. Que diferença! A tristeza segundo
  • Deus vem acompanhada da semente da esperança e é por isso que ela produz arrependimento.
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  • Que motivação tem um condenado à morte para arrepender-se dos seus crimes, quando ele sabe
  • que nada vai mudar a sua execução?
  • Mas a tristeza segundo Deus não é um simples remorso; ela produz a esperança de que o
  • arrepen-dimento trará o perdão, mudanças e vida. Foi esse o caso de Nínive. Jonas foi enviado
  • para pregar ao povo daquela cidade. Com sua pregação, toda a cidade (25.000 pessoas) ficou
  • com sentimento de culpa, arrependeu-se e se converteu. O que os levou a isto? Veja Jonas 3.9.
  • A esperança de que Deus os perdoasse, “mudasse de idéia” e os deixasse viver!
  • 5) O rei Davi adulterou com Bate-Seba e planejou a morte de Urias, o marido dela. A consciência
  • pesou... Ele teve um forte sentimento de culpa... Veja no Sl 32. 3-6 o que ele escreveu a respeito:
  • Enquanto não confessei o meu pecado, eu me cansava, chorando o dia inteiro. De dia e de noite,
  • tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram... Então eu te confessei o meu pecado
  • e não escondi a minha maldade. Resolvi confessar tudo a ti, e tu perdoaste todos os meus
  • pecados. Por isso, nos momentos de angústia, todos os que são fiéis a ti devem orar. Assim,
  • quando as grandes ondas de sofrimento vierem, não chegarão até eles.
  • A tristeza de Deus em Davi foi a sua cura. Se Deus não tivesse pesado a mão sobre o rei, ele
  • jamais se arrependeria e não mais experimentaria a alegria da salvação (Ver Sl 51.8).
  • A tristeza vinda de Deus tem o propósito de fazer o pecador arrepender-se para que seja
  • perdoado e salvo – e ninguém fica triste quando é perdoado e salvo.
  • Consciência limpa: o benefício da culpa.
  • Vamos ver o benefício do sentimento de culpa, quando provocado por Deus.
  • 1) O sentimento de culpa pode se tornar desproporcional à culpa em si mesma: maior ou menor do
  • que a violação da lei em si e dos prejuízos causados. A tristeza excessiva, somente como autopunição,
  • para nada serve senão para consumir e destruir a pessoa culpada.
  • a) Tristeza demais. Nos dias do apóstolo Paulo, na igreja de Corinto, houve alguém que, por
  • causa de um certo pecado grave, teve de ser disciplinado pela igreja, privado de alguns
  • privilégios na comunhão da igreja. Posteriormente, Paulo, preocupado com aquele indivíduo e
  • cheio de cuidados pastorais, escreveu à igreja recomendando que o perdoassem e o
  • confortassem, para que o mesmo não fosse consumido por excessiva tristeza. Veja II Co 2.5-7.
  • b) Tristeza de menos. Por outro lado, a insensibilidade para com a violação da lei pouco ajuda na
  • conversão do transgressor. Há pessoas que admitem estar erradas e até arrependidas, mas
  • como não há uma tristeza profunda, não se corrigem.
  • 2) O sentimento de culpa nos beneficiará grandemente quando...
  • a) Submetemo-nos ao julgamento de Deus e de Cristo. Podemos fazer isso avaliando
  • honestamente, à luz da Palavra de Deus e com oração, o nosso comportamento. Pode
  • ser que Deus use alguém para nos alertar, nos repreender, como fez com Davi,
  • mandando-lhe o profeta Natã (II Sm 12.1-7). Aliás, os irmãos têm este dever uns para
  • com os outros. Veja Gl 6.1.
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  • b) Apropriarmo-nos pela fé, dos benefícios do sacrifício expiatório de Cristo e da
  • promessa de Deus de nos perdoar os pecados e nos purificar. Veja I Jo 1.7 (parte final)
  • e v. 9.
  • c) Somos agradecidos a Deus e a Cristo por seu perdão. Essa gratidão, somada ao
  • desejo de agradar a Deus e a Cristo, será uma tremenda motivação tanto para a
  • obediência às leis de Deus como para o serviço a Cristo. João Batista dizia às
  • multidões: “Produzi frutos dignos de arrependimento...” (Lc 3.8).
  • Conclusão.
  • Conta-se que certa vez alguém perguntou a uma menina: “- Menina, já lhe ensinaram que Deus sabe
  • todas as coisas?” Ao que ela respondeu: “- Já! Mas eu aprendi que há pelo menos uma coisa que
  • Deus não sabe!” “- Que é isso menina, que falta de reverência!” A menina calmamente explicou: “-
  • Não lhe ensinaram que Deus não sabe um jeito de lembrar dos pecados que ele já perdoou?”
  • Nossa tarefa é identificar de onde vem a tristeza do nosso coração: se vier do mundo, será tristeza
  • sem fim, choro sem consolo, angústia sem esperança. Mas se vier de Deus, será uma bênção,
  • porque ela o fará objeto da graça, do amor e da misericórdia de Deus.
  • Aplicação:
  • a) Sua vida tem sido marcada pela culpa?
  • b) O peso da culpa em sua vida tem levado você ao desânimo espiritual?
  • c) Sabia que a tristeza que vem de Deus existe porque você é o objeto da graça, do amor e da
  • misericórdia de Deus?
  • d) Fale com Deus sobre todas as suas culpas, arrependa-se e desfrute do perdão de Jesus!
  • (Éber César. Resumo e adaptação livre da lição “O Sentimento de Culpa”, da revista DESAFIOS DA VIDA CRISTÃ,
  • Editora Cultura Cristã, da Igreja Presbiteriana do Brasil, Rio de Janeiro, 06/2002).

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